quinta-feira, 22 de julho de 2010

A popularidade da violência

Modismo, tendência ou casuísmo. Não sabemos bem o que acontece, mas é fato que a violência contra a Mulher se tornou manchete em jornais, provocou coberturas jornalísticas grandiosas, assunto de grupos de discussão, debates em Universidades, enfim, popularizou-se. Mas, até que ponto toda esta notoriedade nos remete de importante? Para quem presencia histórias como da advogada Mércia Nakashima e de Eliza Samudio sabe que mais de 50% das Mulheres brasileiras tem um dia-a-dia de violência constante em seus lares ou mesmo em locais de trabalho na questão do assédio moral. Certamente o que antes não se via ou se debatia, hoje, parece algo gritante que choca com a mesma frieza com que esses crimes são cometidos.
Em uma recente matéria publicada pelo Jornal O Estado de São Paulo, fiz a leitura de um dado que impressiona: em dez anos, dez mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. A motivação geralmente é passional. O resultado é fruto do estudo intitulado Mapa da Violência no Brasil 2010, produzido pelo Instituto Sangari, com base no banco de dados do Sistema Único de Saúde (DataSUS). Entre 1997 e 2007, 41.532 mulheres morreram vítimas de homicídio, demonstra a pesquisa.
Temos a Lei Maria da Penha, criada em 2006, que protege as mulheres e pune os agressores, incentivando a denúncia de crimes de violência doméstica, garantindo proteção às denunciantes e punições aos homens. Mas, como vimos, a nova lei não impediu o assassinato dessas mulheres, exemplificadas aqui nas histórias de Mércia e Eliza.
E aqui faço uma pergunta: o que há em contrapartida como medida de prevenção? Muito pouco. A começar esta discussão vemos a fragilidade do sistema de ensino, que não transforma de fato o jovem em cidadão. Não basta querer. Você tem que fazer acontecer. A ausência de valores como a família, ensino de qualidade, religião, ética entre outros acaba por consentir que toda a adversidade da sociedade, o seu lado mau como dizemos, predomine e, assim, faça-o seguir nesta trilha. É no momento da escolha, por qual caminho percorrer, imprescindível ter, os valores que citei acima, muito aguçados em sua mente, seu corpo e sua vida. É neste momento que a transformação humana se materializa.
Se faz necessário e é importante exemplificar, na figura dos personagens acusados de cometer crimes tão bárbaros, seu perfil histórico. Nos parece até que ao assistirmos ou lermos uma reportagem a respeito, descreve ali a mesma pessoa, mas não são personagens diferentes, com experiências muito antagônicas, mas que lá no embrião nos parecem serem parentes ou alguém muito próximo. A infância conturbada e o aconchego familiar sempre muito ausente, os valores de cidadania e respeito ao próximo lhes aparecem como fantasmas rondando suas vidas, mas que nunca se materializam.
Contudo, a popularização desses casos deve servir de argumento para uma mudança comportamental em nossa sociedade, onde sejam revistos a formação do caráter das crianças, para que as verdadeiras noções de vida sejam repassadas, de fato absorvidas, e não simplesmente assistidas.
É chegada a hora de refletirmos sobre qual é o futuro que delimitamos neste mundo tão tecnologicamente avançado, mas que no mesmo ritmo se reporta a um retrocesso medíocre, onde a educação de base é invisível e não firma nenhum efeito concreto no momento de uma escolha comportamental.
De maneira geral, a realidade atua é: homens se matam por temas urbanos como tráfico de drogas, sendo que os crimes ocorrem principalmente nas grandes cidades. Já as mulheres são mortas por questões domésticas em municípios de diferentes portes. Triste realidade para um País chamado Brasil!

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