sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia 8 de março, Dia Internacional da mulher.

Disponibilizo aqui na íntegra o texto que acabei de ler na Tribuna da Câmara de Santos, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher:

Somos mais de 51% da população brasileira, segundo o IBGE. O trabalho doméstico deixou de ser a atividade que mais nos emprega. Há muito tempo. Vivemos, com certeza, uma nova era! 

Neste século, pesquisas mostram que estudamos mais que os homens. As práticas de igualdade de gênero são a realidade de grande parte das empresas brasileiras que incorporaram em suas políticas internas o respeito ao espaço feminino.
Na medicina, na construção civil, como responsável pelo lar, presidente de pequenas e grandes empresas, no campo ou na Cidade, ocupante de funções públicas (inclusive o cargo máximo), não importa! As mulheres têm ocupado todos os espaços e fazem parte dos avanços da sociedade.

Mas, como bem dizem os homens, somos inquietas e queremos mais! Por isso não paramos. Nossas lutas, movimentos, articulações e cobranças são frequentes, pontuais e com foco numa sociedade mais justa e igualitária.

A minireforma eleitoral realizada recentemente determina ao partido preencher 30% das vagas pelo sexo oposto. Este preenchimento é feito, via de regra, somente por mulheres, por ainda representarem a minoria dentro da composição político/partidária. Isto mostra a fragilidade na inclusão das mulheres com ideais políticos na disputa de espaços dentro das legendas partidárias.

Neste sentido precisamos nos unir, mobilizar e buscar a força feminina, que existe dentro de todas nós. É inegável a sensibilidade à temas que somente nós conhecemos. Cito, como exemplo, a espera de aproximadamente 20 mil mulheres espalhadas por todo o País, na fila do SUS pela reconstrução da mama. Algumas delas aguardam por mais de cinco anos para que isto aconteça de fato em suas vidas. Projeto de lei neste sentido propõe que as mulheres diagnosticadas com câncer de mama, possam ter a cirurgia plástica reparadora do seio, de graça, e no ato da mastectomia, ainda está tramitando em suas mais diversas esferas governamentais.

Este é só um exemplo das carências em políticas públicas que as mulheres têm! Precisamos avançar e de fato resolver. Na questão da Violência Doméstica a realidade não é muito diferente. A promulgação da Lei Maria da Penha, em agosto de 2006, veio como instrumento para coibir a ação dos agressores.
Pergunto ao Sr. Presidente, e aos nobres Vereadores, ao público das galerias e aos telespectadores da TV Legislativa: Será que realmente avançamos!? Os números por todo o País mostram que não: temos apenas 72 casas abrigo, apenas 29 Núcleos Especializados do Ministério Público para Atendimento às Mulheres; 501 Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher, sendo que o País tem mais de 5 mil municípios; somente 92 Varas Especializadas em Violência Doméstica.

Todo este aparato contrapondo com: 6 em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica; a Central 180, destinada às denúncias de violência doméstica contra as mulheres registrou em 2012, 880 mil atendimentos, o machismo e o alcoolismo são os principais fatores para o desencadear da violência; cerca de 60% da população acredita que ao denunciar o agressor ele já será preso.

Já 70% das mulheres dizem que o fator medo é que mais lhe impede de denunciar o agressor. A Delegacia de Defesa da Mulher de Santos, somente este ano, já registrou cerca de 300 boletins de ocorrência.

Estamos em MARÇO, passados apenas 66 dias do início do ano. E todos os dias chegam mais e mais casos. Faço parte da luta incansável contra a Violência Doméstica. Não estou só. Junto ao COMMULHER, a Coordenadoria de Políticas para Mulher e a sociedade civil organizada, pleiteamos a instalação no Judiciário Santista da Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

Este é um grande passo para a concretização de ações desencadeadoras de apoio as vítimas e agilidade na punição dos agressores, garantindo à mulher vitimizada o resgate de sua integridade e auto estima. Além da punição, há a incumbência de ressocializar o agressor perante a sociedade. Como única representante feminina deste Legislativo, me coloco como instrumento político para todas vocês. Hoje para que eu pudesse estar ocupando esta Tribuna muitas mulheres, guerreiras e lutadoras venceram preconceitos enraizados por uma sociedade machista, mulheres que deram seu sangue e suas lágrimas pelos ideais de reconhecimento e igualdade de gênero.

São mais de cem anos de luta!

Como diria Simone de Beauvoir
“É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta.”

Dia 8 de março, Dia Internacional da mulher, vamos juntas continuar a escrever essa história.

FERNANDA VANNUCCI BRUGGER CAPODICASA
VEREADORA – LÍDER/PPS


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